27.5.10

Ideias simples para um desenvolvimento sustentável

Desde a revolução industrial que nos temos entusiasmado com as novas técnicas e com o virtual poder ilimitado que os combustíveis fósseis parecem nos oferecer. Tudo pareceu ser possível e deixámos de nos preocupar com determinados princípios básicos - quer na construção, quer no planeamento de cidades e território, quer no comércio mundial, etc...
Hoje, sabemos que não é bem assim. Hoje, sabemos que desperdiçamos quantidades absurdas de recursos em transportes, máquinas ou por mero requinte consumista inconsciente. Hoje, o nosso modelo é ineficiente e esbanjador de recursos, o que se reflecte directamente a nível económico e ambiental, e indirectamente a nível social e no geral desconforto emocional. Isto ameaça seriamente o nosso futuro enquanto Humanidade. Corremos o risco de esgotar os recursos ou torná-los extremamente inutilizáveis, o que resultará em conflitos sangrentos.

Hoje, é tempo de aperfeiçoar - e muito - a nossa actividade. O futuro é conseguir fazer o máximo com o mínimo de desperdício.

Existem já muitas técnicas e estratégias que nos ajudam a minimizar o nosso défice de eficiência. Mas estas carecem de aplicação na nossa sociedade. Entendo que ao Estado cabe a tarefa de impulsionar\apoiar a sua aplicação recorrendo a tudo a que está a seu alcance de fazer. Não falo de obras públicas megalómanas, refiro-me a estratégias ideológicas simples.

O estado deve impulsionar o uso de técnicas e estratégias mais eficientes. Como?

Através das instituições públicas - dos CTT à CP, da PT à EDP, dos Hospitais às Escolas, da ANA à TAP - pode definir preferências e, assim, criar um mercado significativo para algumas técnicas que se mantêm caras exactamente por falta de mercado. Passo agora a enumerar algumas apostas que se poderiam fazer para melhorar a eficiência energética das nossas instituições e com elas impulsionar as técnicas e estratégias mais eficientes.

- Papel reciclado - utilizado por todas as instituições públicas, seja nas cartas, documentos, tudo... - com isto apoiamos grandemente para a indústria recicladora e assim baixar os preços do papel reciclado tornando-o mais barato do que o "branco".
- Produtos Biológicos Regionais ou Nacionais - uso exclusivo de produtos alimentares regionais ou, quando impossível, nacionais nas cantinas e bares - apoiar a economia regional e nacional e reduzir as distâncias do transporte dos alimentos (menor impacto ambiental).
- Sistema de Depósito (como as grades de cerveja ou bilhas de gás) - uso exaustivo de produtos cujos contentores sejam sujeitos a depósito - promover a reutilização (mais eficiente que a reciclagem) e também, no caso das bebidas, combater o abandono das latas e garrafas criando lixeira. Quando uma garrafa vale dinheiro (nem que sejam 15 cêntimos) as pessoas terão mais atenção quando se "livram dela" e mesmo que se livrem dela, outra pessoa qualquer que a veja poderá receber dinheiro por ela. Muitos mendigos procurarão recolher o maior número possível.
- Separação do Lixo (papel, embalagens, vidro, orgânico e outros) - implementado em todas as instituições públicas - além de reduzir os resíduos com destino ao Aterro ou à incineração, promove-se a educação dos comportamentos sociais com vista a generalizar a separação em cada lar.
- Veículos Eléctricos (de produção e desenvolvimento nacional) - generalizar o seu uso na distribuição de correio (CTT), veículos de mobilidade reduzida (carrinhas de Serviço Social das freguesias, scooters da PSP e GNR), etc... - impulsionar a produção nacional e o seu mercado, reduzindo emissões de actividade.
- Transportes Colectivos e Bicicletas - legislar a hierarquia de prioridades (transporte colectivo, peões, bicicletas e, no fim, veículos particulares) nos meios urbanos. Proliferação maciça das vias exclusivas a transportes colectivos - reforçar a competitividade dos transportes públicos e das bicicletas face aos automóveis, a fim de inverter a dependência do carro (e do petróleo) e todos os problemas urbanísticos e territoriais que eles acarretam.