18.3.09

Paris olha para o futuro

Paris, 14 Mar (Lusa) - As dez equipas internacionais de arquitectos encarregados de pensar a futura "Grande Paris", para realizar a reforma urbanística que se impõe na congestionada capital francesa, apresentaram sexta-feira os seus projectos ao presidente francês, Nicolas Sarkozy.

Imagine-se um "Central Park" a dois passos de um bairro desfavorecido onde os parisienses iriam passear, as grandes artérias da capital francesa transformadas em "avenidas verdes" e um comboio de alta velocidade para os que vivem nos subúrbios.

Este projecto é considerado como o mais ambicioso desde que o barão Haussmann revolucionou a cidade em meados do século XIX, dotando-a de largas avenidas, e da célebre avenida dos Campos Elísios.

Três laureados do prestigiado prémio Pritzker aceitaram o desafio: o britânico Richard Rogers, um dos que conceberam o Centro de Arte Moderna Pompidou, e os franceses Jean Nouvel e Christian de Portzamparc.

Para as 10 equipas - compostas de arquitectos, de geógrafos, de meteorologistas ou ainda de artistas - tratava-se de imaginar uma metrópole europeia daqui a 30 anos, que seria o primeiro centro urbano verde "pós-Quioto" e cujas fronteiras de estenderiam para além da Paris actual.

Após nove meses de trabalho, os arquitectos fizeram um diagnóstico: os subúrbios desfavorecidos às portas de Paris não são apenas feios. Estes bairros, situados longe de zonas comerciais, do emprego e do centro de Paris são uma aberração urbanística.

"Não conheço nenhuma cidade onde o coração esteja a este ponto separados dos seus membros ", afirma Richard Rogers.

Contrariamente a Londres que tem oito milhões de habitantes - subúrbios incluídos - Paris alberga dois milhões de pessoas e seis milhões de outras amontoam-se nos arredores limítrofes administrados por autoridades locais autónomas.

Os projectos, que acabam de ser divulgados, seis franceses e quatro estrangeiros, serão examinados a 17 de Março num debate organizado pela Cidade da Arquitectura e do Património.

Para que os cidadãos possam opinar, a instituição vai expor as maquetas das dez equipas finalistas, entre elas os franceses dirigidos por Jean Nouvel, Antoine Grumbach, Yves Lion, Christian de Portzamparc, Roland Castro e Djamel Kouche.

As outras quatro equipas, todas elas europeias, são liderada pelo arquitecto alemão Fin Geipel, o britânico Richard Rogers, os italianos Bernardo Secchi e Paola Vigano, e os holandeses de MVRDV, Winy Maas, Jacob Van Rijs e Nathalie de Vries.

Depois de uma primeira selecção, estes dez estudos finalistas receberam há um ano o encargo de imaginar como devia ser o desenvolvimento urbano e o equipamento territorial da "Grande Paris", isto é, do conjunto da aglomeração parisiense e da região de Ile de France de que faz parte.

Cada equipa contou com 200.000 euros para elaborar as suas propostas, que deviam partir da realidade existente e ter como horizonte 2030.

Jean Nouvel, juntamente com uma impressionante equipa de artistas e intelectuais, defende o projecto "Nascimentos e renascimentos de mil e uma felicidades parisienses", em que propõe a criação de "eco cidades" onde combinar a alta tecnologia do desenvolvimento duradouro com elementos vegetais.

Um dos mais audazes, Antoine Grumbachm, propõe dar a Paris o porto marítimo do que carece enlaçando a cidade ao mar graças ao Sena, como eixo que teria o seu extremo no Havre (noroeste),

"Não esquecer a poesia de Paris" é uma das premissas chave da equipa de Roland Castro: a melhoria urbanística da cidade deveria passar por um grande envolvimento da sociedade capaz de transformar o habitante em construtor.

Com Christian de Portzamparc, o importante é que os diferentes pólos da cidade estejam bem ligados, que lojas, escritórios e casas se entrelacem num plano que terá, entre outros elementos aeroportos, estações e um metro exterior que sobrevoaria e rodearia Paris.

Yves Lion, do grupo Descartes, propõe a criação de "20 cidades sustentáveis", cada uma com cerca de 500.000 habitantes, para recrear um sentimento de pertença a um território.

Quanto aos arquitectos estrangeiros, o britânico Richard Rogers, um dos autores do Centro Pompidou de Paris, concebe a criação de um Paris metropolitano "policêntrico", com uma ideia de cidade responsável com o meio ambiente.

Os italianos Bernardo Secchi e Paola Vigano, de Studio 09, propõem uma "cidade porosa" que dê espaço à água e que multiplique os intercâmbios biológicos, enquanto a equipa holandesa de Winy Maas (MVRDVR) jogou com a densidade e a eleição paradoxal de uma "Paris mais pequena".


Será preciso toda a Europa executar as suas adaptações aos tempos para que Portugal se aperceba que é essencial restruturar as nossas cidades? Gostava de ver a coragem que Sarkozy demonstra num responsável português. Se Paris está caótica, Porto e Lisboa estão bem? As nossas cidades (principalmente o Porto) carecem de eficiência a todos os níveis - Sustentabilidade. Sistemas de transportes incompletos e quase isolados das outras estruturas económicas; sistemas ambientais artificiais em risco; etc...

As cidades haviam de ser vistas como sistemas de comunicação e mobilidade que proporcionassem as melhores condições para a mais alta qualidade de vida possível de uma forma Sustentável.

Ficamos a ver navios.