14.5.08

Regionalização/Descentralização

Já há muito que pretendo abordar a questão da Regionalização ou Descentralização. Acredito que o ser humano necessita de liberdade de expressão e opinião, assim como ter o poder de escolher o seu destino. Há quem defina assim a Democracia.

Portugal é um país uno. É, talvez, o país mais uno da Europa Ocidental. Todos temos em comum a História dos últimos 900 anos. Um rei conquistou um território até ao extremo Sul, depois um Infante visionário, apoiado pela Ordem de Cristo, leva-nos a todos na aventura da expanção além mar. Dessa surgem os Açores e a Madeira. Não é por razões históricas que a Regionalização/Descentralização deva ser feita. Isso é óbvio. Mas quando comparamos os interesses e problemas de uma cidade do Algarve com uma cidade de Trás-os-montes, encontramos bastantes diferenças. Da àgua para o vinho! Para problemas e necessidades diferentes, soluções diferentes.

Todos nos orgulhamos de Portugal ser um país diverso quer a nível paisagístico, quer a nível social/cultural (consequência indirecta da diversidade geográfica). É inegável! Uma separação do Poder em diversas regiões iria proporcionar uma maior adequação às diferentes necessidades das pessoas de cada região. É uma gestão mais justa e eficaz num país como Portugal. Além disso, o facto de haver um Poder mais aproximado ao território permitiria planear com mais cuidado e discussão a organização territorial da região. Quer as relações entre cidades, quer o planeamento de reservas agrícolas e ecológicas a uma escala Regional e não Municipal.

Há quem se refugie no argumento que Portugal é pequeno demais para se pôr em Prática a Regionalização/Descentralização. Segundo o mapa recentemente apresentado, onde aparecem 5 regiões (Norte, Beiras, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve), só a região Norte seria quase do tamanho da Holanda que, ela própria, é regionalizada. Não encontro validade nesse argumento de dimensão.

Agora: iria criar um reboliço na política portuguesa e muito provavelmente muitos problemas iniciais. Não tenho dúvida: toda a adaptação democrática leva a reboliços. Afinal o que é a Democracia? O maldito António de Oliveira Salazar já dizia e com razão que os partidos só provocavam distúrbios e que caíam em interesses pessoais em vez de cairem em interesses nacionais. Todos sabemos que isto se verifica em parte hoje - quando temos partidos. Mas alguém trocaria por um regime de partido único? A dicussão é saudável! A criação de regiões traria consigo também uma espécie de algazarra política, sim... o que seria saudável. Quanto mais opiniões divergentes melhor. Temos que aprender a viver com a diferença. Afinal o que é a Democracia?

Um aspecto que me convence muito é a possibilidade de em Regionalização/Descentralização haver uma especialização de cada região no seu próprio turismo e ser ela a desenvolver a sua imagem turística (mais próxima de si mesma). O que é que a imagem das falésias do Algarve e o calcário de Lisboa têm a ver com localidades como Miranda do Douro? É ridículo! Vamos aproveitar a boa diversidade que ainda temos, vamos torná-la uma mais valia para todos. Deixemos as regiões se desenvolverem por si mesmas em vez de ficarem a ver navios esperando as esmolas do Poder central.

4 comentários:

Antonio Almeida Felizes disse...

Caro Philipp,

Dada a temática abordada, tomei a liberdade de publicar este seu "post", com o respectivo link, no
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Regionalização
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Cumprimentos

Anónimo disse...

"Deixemos as regiões se desenvolverem por si mesmas em vez de ficarem a ver navios esperando as esmolas do Poder central."

DEIXEMOS QUE AS REGIÕES SE DESENVOLVAM POR SI... "MESMAS"...

Anónimo disse...

me explica o que e a regionalizaçao e a descentralizaçao ? eu ainda nao percebi o que e :s

Philipp disse...

Não sou perito em política ou em modelos de gestão para lhe definir correctamente a regionalização e a descentralização.
Mas posso começar por um ponto base. A Regionalização tem a ver com a escala da região (sub nacional). Poderemos dizer que Regionalizar é dar legitimidade a cada região definida por um mapa (seja ele de 5 ou 7). Eu entendo a Regionalização como uma distribuição do poder (actualmente concentrado em Lisboa) pelas regiões. O resultado será mais autonomia nas decisões "regionais". No caso da minha cidade - Porto - não teríamos de esperar pela aprovação de Lisboa para a expanção da rede metro ou até na nomeação dos administradores da empresa metro do porto. Exemplos como este é o que mais existe. Eu acredito que uma regionalização BEM FEITA contribuiria para que o desenvolvimento do país se processasse de forma mais rápida e eficiente. Muitas vezes Lisboa é distante (não físicamente, mas social,economica e culturalmente)de mais para entender os problemas de determinada região e assim não é capaz (como temos tantas provas dadas) de encontrar as melhores soluções. Cada região de Portugal tem diferentes interesses, necessidades e circunstâncias - Para problemas diferentes, soluções diferentes.
A descentralização é outro conceito muito próximo. Não se traduz obrigatóriamente em delegar poderes a orgãos regionais, mas sim a entidades espalhadas pelo país ou aos poderes menores já existentes - como as autarquias.
Pessoalmente, sou apologista de uma regionalização autonómica, com regiões autónomas como os Açores e a Madeira e com um governo regional eleito pela região apenas. Acredito mais no mapa das 7 regiões (Minho e Douro Litoral; Trás-os-montes e alto Douro; Beira litoral; Beira interior; Estremadura e Ribatejo; Alentejo; Algarve), pois os problemas que assolam Trás-os-montes e a Beira interior são bem diferentes dos das regiões litorais. Caso estas regiões sejam integradas na do Porto e na de Coimbra, serão abafadas pelas vozes maioritárias dos litorais (cerca de 6x mais populosos).

Concluindo: Regionalização tem que ver com dar poder de decisão em determinados assuntos exclusivos da região e de proximidade (segurança, transportes regionais, estrutura empresarial e industrial, cooperação entre câmaras municipais, ordenamento do território, tratamento de resíduos, etc... Descentralização é a delegação de certas responsabilidades a entidades exteriores ao poder central da capital - embora sempre controladas por este último.

espero ter esclarecido alguma coisa.
cumprimentos