9.9.09

Rede ferroviária em Portugal - r 08 - caminhada pela linha do Tua

Foi com agrado que participei na primeira caminhada pela linha do Tua - ainda em Agosto. Procurava entender, sem intermediários, a realidade dessa linha e, em comparação, do interior transmontano.
Em primeiro lugar, fiquei surpreendido com a beleza paisagística, não só da parte da linha do Tua que visitámos como também do vale de Mirandela. Em segundo lugar, a sensação de abandono por parte do governo central - "entregues a si próprios" - onde com pouco se faz muito. Quando ainda o Porto lutava pelo seu metro, já se falava da "lenda" do metro de Mirandela. Agora que visitei o que resiste dessa "lenda", nutro admiração pelo que Mirandela tem lutado.
Confesso que tive medo quando andei no metro. As condições das automotoras são adequadas, mas os abanões que se sentem em plena recta são assustadores. Ainda piores quando sabemos do que se tem passado naquela linha. Como disse, a paisagem é lindíssima. Pensei que o Alentejo fosse um caso especial em Portugal, mas as zonas que visitei - e continuo a descobrir mais - em Tras-os-montes e Alto Douro não ficam nunca atrás das do Alentejo. Quer-me parecer que tem tanto potencial turístico como o Alentejo. Agora: onde estão os investimentos massivos apoiados pelo estado como vemos no Alentejo (Alqueva,ect...)? Mais uma vez o abandono, o desinteresse e a distância.
Quando, finalmente, fizemos a caminhada, tive muito tempo para inspeccionar o estado de cada metro da linha. Traves podres, parafusos soltos, traves que cediam só com o meu peso - que fará com um comboio? A linha foi claramente esquecida! Ficou parada na evolução em decadência. Quer-me parecer que é uma loucura, ou um acto heróico, as viagens que ainda se fazem no metro de Mirandela.
Não compreendo a intenção do governo em acabar com esta linha, isolando Mirandela e muito mais, por uma barragem. Produz energia para o país sacrificando toda a mobilidade de um vale. Só no caso de uma substituição ferroviária viável (subindo a cota da linha mas mantendo a ligação eficiente à linha do Douro) é que consideraria a barragem. Desta forma é puro terrorismo!

Com o que aprendi com esta visita e cruzando com a entrevista a António Alves, terei de repensar a "minha" rede ferrovária de Portugal. Nomeadamente o uso da bitola métrica de uma via apenas e a sua integração numa rede de bitola europeia nacional e peninsular.
Em breve elaborarei um novo esquema.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá! Perguntas se eu tenho um mapa das divisões das regiões portuguesas... O que consegui, está no blog. Mas procurei junto aos amigos... e uma amiga disse ter um amigo que é louco por cartografia. Amanhã ela vai contactá-lo. Ficamos na torcida! Qualquer novidade, te aviso, ok? Gostava de te ajudar...
Boa noite. Fica bem!