14.5.09

Campanhas eleitorais

Preocupa-me o facto de ser tão difícil difundir as nossas ideias e críticas.
Nos tempos que correm, em que a maioria das pessoas está insatisfeita com os partidos, era lógico que surgissem novos partidos, novas vozes. Não me acredito que não hajam pessoas que pensem na política, que tenham ideias novas. Simplesmente não lhes é dada a oportunidade de se expressarem. Actualmente não são obrigatórios os cinco mil militantes, o que é uma vitória para os pequenos partidos e para os potenciais fundadores de outros vindouros. 

No entanto, há um problema gravíssimo nas campanhas.

Quando andei no secundário costumava andar de autocarro. Nunca mais me esqueço de uma criança que, ao passar em frente a um palco destinado a um comício, pediu na excitação à mãe para ir à "festa dos partidos". Um comício é uma festa! Não é onde se debatem coisas sérias e se comunica com a população de uma forma honesta. Vai lá o Tony Carreira cantar, oferecem-se T-shirts e bonés, alguns oferecem electrodomésticos... concluindo, os partidos com mais dinheiro oferecem o maior espectáculo, os melhores brindes e apresentam-se nas melhores praças. Os partidos pequenos, por sua vez, têm que se contentar com o que podem. É óbvio que a massa é conquistada pelos partidos com mais dinheiro. Seria justo uma igualdade de circunstâncias na difusão das ideias de cada partido, ao jeito do Speaker's Corner em Londres. Eu entendo esta democracia da seguinte forma: partidos são formados em torno de ideais e expõe as suas ideias à população que, por sua vez, vota no que mais se identifica. 

Será que a competição entre partidos se baseia nas suas ideias?

Eu penso que não. Baseia-se sim nas influências e na capacidade de marketing em convencer a população da forma mais ou menos enganosa. Um pouco como a TVshop.
Proponho por isso um sistema mais fiel às ideias. Porque não fazer como nas faculdades? Quando um aluno vai apresentar uma tese é submetido às mesmas circunstâncias que todos os outros e tem de seguir um determinado layout na apresentação das suas ideias. Desta forma é possível avaliar cada aluno de uma maneira imparcial.

As campanhas podiam ser organizadas pelo Estado como uma companhia de Teatro que ia actuar pelo país fora. Cada partido teria o mesmo tempo para discursar e expor as suas ideias. No fim, questões poderiam ser colocadas pela população e era dada a possibilidade aos partidos de responderem e se defenderem. Tudo sem espectáculos ou festivais de luz e som. 

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