8.5.09

Rede ferroviária em Portugal - reflexão 4




Seguindo a minha curiosidade pelos transportes e planeamento territorial demorei cerca de duas semanas a montar um mapa de portugal com os rios e afluentes mais significativos e a rede ferroviária activa e desactiva. Partindo da base GoogleEarth e mais alguns esquemas e mapas com que me fui cruzando nas minhas pesquisas, pude compreender melhor a nossa rede e não perder a referência geográfica para posteriores reflexões.

Confesso que fiquei surpreendido com a rede. Estava convencido que era substancialmente menos desenvolvida. No entanto, parece que nas últimas décadas não evoluímos. Pelo contrário, regredimos. As linhas desactivadas são bastantes, na vez de expandir a rede, esta foi substancialmente reduzida. Ora, com a entrada de Portugal na UE veio a fantástica expansão da rede de auto-estradas. Necessária, não tenho dúvida. Assim, a vantagem que o comboio oferecia face às velhas estradas nacionais deixou de existir. A nova relação espaço-tempo tornou-se substancialmente menor e o comboio não a acompanhou.

É para mim óbvio que o comboio seja pouco competitivo. Sem uma rede bem desenvolvida a velocidades adequadas à escala do tempo que vivemos, a ferrovia não atrai. É uma emenda para quem não tem alternativa. Temos ainda a questão das infraestruturas e interfaces serem pouco eficazes.
Para exemplificar o que eu quero dizer com uma infraestrutura eficaz apresento a Gare do Oriente em Lisboa. É uma estação que reúne num curto espaço: metro, camionetas, autocarros, taxis e comboios (faltaria uma ligação ao aeroporto - ao fundo da Avenida de Berlim - mais directa do que apanhar um táxi).
Agora com a história do TGV há quem ainda pondere na integração de uma estação nos aeroportos. Ora, os aeroportos são plataformas de distribuição a uma escala regional, nacional e até continental. Uma infraestrutura como esta tem de ter ligações ferroviárias de longas distâncias para assim se tornarem mais eficientes nos tempos de viagem (as viagens não são só os voos) e assim angariar cada vez mais clientes e servir melhor o seu território. Não entendo que a estação principal seja a do aeroporto, mas sim que integre a rede nacional, regional e urbana como mais um ponto de distribuição.
Passo a descrever outro exemplo. Em Frankfurt existe a estação principal no centro da cidade e a estação do aeroporto, a dez kilómetros da cidade. Trata-se de um aeroporto internacional dos mais movimentados do mundo e que além de servir como importante distribuidor do trafego aéreo internacional é também integrado nas variadas modalidades de transportes a nível regional, nacional e até transfronteiriço. Muitos luxemburgueses preferem apanhar um comboio que os leve até Frankfurt e assim poupar eventuais escalas. Neste aeroporto, uma pessoa pode pernoitar, apanhar um TGV para Berlim ou para Basileia, apanhar o metro para a região de Frankfurt, apanhar um táxi, apanhar um comboio regional ou simplesmente alugar uma viatura. Infraestruras destas tendem a crescer em procura e oferecendo cada vez mais serviços, crescendo outra vez mais a procura e assim sucessivamente.

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